sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Índios continuam na Funai e aguardam resposta sobre pedido de reunião com Lula

Gaseta do Povo Paraná
Índios continuam na Funai e aguardam resposta sobre pedido de reunião com Lula
Em reunião entre indígenas e representantes do governo do estado, ficou acertado que será enviado à Brasília um pedido para a realização de uma audiência com o presidente Lula. Grupo quer revogação de decreto que extingue postos da Funai

14/01/2010 | 11:24 | Célio Yano e Adriano Ribeiro atualizado em 15/01/2010 às 11:50
Atualizado Rosy Lee Brasil

Índios das etnias guarani e xetá que vivem em Mangueirinha, no Sul do Paraná, ameaçaram na quinta-feira (14) atear fogo em torres de energia de alta tensão que passam pela aldeia com o objetivo de provocar um blecaute na região, no entanto, provisoriamente, esta decisão está adiada.

Uma reunião realizada durante a tarde de quinta na sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Curitiba, contou com a participação de indígenas e representantes do Ministério Público (MP) e do governo estadual. No encontro, ficou definido que um documento oficial será enviado ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, solicitando uma audiência com os índios. Segundo informações da Ong Aldeia Brasil, o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB), integrante do mesmo partido do governador Roberto Requião, será o responsável pelo envio do pedido formal.

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Na manhã desta sexta-feira (14), a Aldeia Brasil informou que os caciques que estão em Brasília vão aguardar até as 15h uma resposta sobre a solicitação do encontro. Caso isso não aconteça, além de Mangueirnha, eles prometem incendiar as torres de energia de Apucarana e Londrina.

O motivo da revolta dos índios é um decreto, assinado no final de dezembro, pelo presidente que prevê a reestruturação da Funai. A principal reclamação é que, com o decreto, alguns postos indígenas, como o de Curitiba, seriam fechados. De acordo com o cacique Carlos Ubiratan, da tribo urbana de Kakané Porã, o fechamento do posto de Curitiba faria com que as 35 famílias que vivem na cidade fossem obrigadas a se deslocar para Santa Catarina quando precisassem de apoio do órgão.

Desde a terça-feira, aproximadamente 50 índios ocupam a sede da Funai na capital paranaense também em protesto contra o decreto. Segundo o coordenador de comunicação da Aldeia Brasil, Oswaldo Eustáquio, cerca de mil índios estão em Brasília aguardando uma reunião com o presidente Lula. “Na quarta-feira (13), mandaram um representante da secretaria geral da presidência para falar com os índios. Mas eles não querem ser recebidos por representantes, querem conversar pessoalmente com o Lula, que é o único que tem autoridade para revogar o decreto”, explica.

“Para pressionar o governo, os caciques que estão em Brasília ligaram para os índios de Mangueirinha e disseram para eles começarem a juntar madeira ao redor das torres de energia. Com o pedido de audiência enviado, a queima fica adiada, mas o material vai continuar por lá”, garante Eustáquio.

Procurada pela reportagem na quinta, a assessoria de imprensa do gabinete da presidência informou que não há previsão de uma audiência de Lula com os índios porque após a reunião da secretaria geral com os indígenas não houve nova solicitação de audiência.

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