quinta-feira, 7 de maio de 2009

Índios do Paraná carecem de terras e assistência à saúde

Índios do Paraná carecem de terras e assistência à saúde
Por :Leonardo Coleto
Os índios do Paraná carecem de assistência à saúde e de terras. É o que aponta o relatório Violência Contra Povos Indígenas no Brasil (2008), divulgado ontem pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Dentre as 22 categorias de violência contra os índios analisadas pelo conselho, o Paraná apresentou casos em seis.

A que teve o maior destaque negativo foi a desassistência na área da saúde, onde o Paraná registrou, em 2008, seis casos com 60 vítimas. De acordo com a pesquisa, as tribos mais atingidas foram os guaranis, caingangues, e xetás, localizados em Nova Laranjeiras, Laranjeiras do Sul, Terra Roxa e Guaíra.

Para o secretário adjunto do Cimi, Cléber Cesar Buzatto, a carência na saúde acontece por causa da precariedade dos acampamentos no Estado. “Esses locais muitas vezes não têm saneamento básico e são localizados próximos aos rios que não têm água limpa. Isso contribui, inclusive, para os casos de desnutrição”, afirma.

A desnutrição citada por Buzatto fez quatro vítimas no Estado. Segundo o relatório, quatro índios em tribos guaranis próximos às cidades de Terra Roxa e Guaíra foram atingidos.

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“Temos 12 mil índios em todo o Paraná. Esses casos são pequenos se comparado com o total”, opina o administrador regional da Funai em Curitiba, José Ferreira Campos Junior.

A demora e omissão da regularização de terras para a reforma agrária no Paraná também constam na pesquisa. São três casos registrados no Estado. Novamente, os guaranis de Guaíra e Boa Vista estavam envolvidos.

“A remarcação de terras para os índios é uma questão que demanda uma séria de ações provenientes de outros órgãos do governo. Sozinha, a Funai (Fundação Nacional do Índio) não pode fazer nada a respeito. No Paraná, 80% das terras estão demarcadas e livres de invasões”, afirma Campos Junior.

O Paraná também conta com casos relacionados à desassistência geral, que avalia a ausência de atenção por parte do governo. Dois casos foram registrados pelo Cimi no Estado.

São eles: a dificuldade de sobrevivência na aldeia e trabalho escravo. O primeiro deles foi em Londrina, na tribo dos caingangues, já o segundo aconteceu em General Carneiro, também em uma tribo caingangue.

“Trata-se de uma total negação de assistência aos indígenas que vivem nas cidades. A violência contra aqueles não possuem terra é imensa”, opina a antropóloga e responsável pela pesquisa, Lucia Helena Rangel. Para Rangel, todos esses resultados contribuem para ajudar os índios na luta pela demarcação de suas terras.







Indíginas durante a audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), no auditório Petrônio Portela.
Fotógrafa: Márcia Kalume - Agência Senado


O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), senador Cristovam Buarque (PDT-DF), com indígenas durante a audiência pública da CDH, no auditório Petrônio Portela.
Fotógrafa: Márcia Kalume - Agência Senado