quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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No MA, índios fecham ferrovia da Vale por quase 12 horas

Terça-Feira, 23 de Fevereiro de 2010 | Versão Impressa
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No MA, índios fecham ferrovia da Vale por quase 12 horas
Via de escoamento da mineradora foi interrompida e 700 passageiros tiveram de voltar a São Luís de ônibus
Wilson Lima, ESPECIAL PARA O ESTADO, SÃO LUÍS Atualização Rosy Lee Brasil
Pela terceira vez em quatro anos, índios guajajaras, da aldeia Maçaranduba, no Maranhão, voltaram a interditar a Estrada de Ferro Carajás, da mineradora Vale. O bloqueio, com paus, pedras e ferros, começou às 8h30 de ontem, em protesto contra o suposto descumprimento de acordo com a empresa. Acabou no início da noite, após quase 12 horas.

O protesto ocorreu na altura do povoado Três Bocas, na altura do km 289 da ferrovia, no município de Alto Alegre do Pindaré. O local está a 342 km de São Luís. Uma estrada vicinal também foi parcialmente fechada pelos índios.

Principal via de escoamento do minério de ferro extraído pela companhia nas minas do Complexo de Carajás, a ferrovia liga o Pará ao Maranhão e também opera também o transporte de passageiros.

Ontem, por causa da interrupção, cerca de 700 pessoas foram obrigados a abandonar os vagões e voltar à capital maranhense de ônibus. O transporte de aproximadamente 250 mil toneladas de cargas, principalmente minério de ferro, soja e cobre, também acabaram interrompidas.

VICINAL FECHADA

Conforme informações de moradores da região, os índios protestavam contra o descumprimento de um acordo firmado em 2006 entre a Vale e a Prefeitura de Alto Alegre do Pindaré. O acerto previa a construção de uma estrada para a ligação entre a aldeia Maçaranduba e o Rio Pindaré.

Ainda segundo esses moradores, a obra, orçada em R$ 900 mil, chegou a ser iniciada, mas não foi concluída. Os índios também exigiam melhorias no sistema de saúde da aldeia, na Terra Indígena Caru.

O compromisso da empresa com a prefeitura foi firmada justamente após dois protestos promovidos pelos índios. Na ocasião, cerca de 500 guajajaras, com a ajuda dos povos awa-guajá, kaapó, timbira, canela e gavião, bloquearam esse mesmo trecho da estrada de ferro com paus e pedras.

Durante a primeira interrupção no tráfego de trens da região, sete funcionários da Vale chegaram a ser mantidos como reféns. Na época, além do compromisso da prefeitura de construir estradas vicinais, os indígenas exigiram a exoneração de Zenildo de Oliveira, então coordenador da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Depois dos protestos, ele acabou realmente sendo afastado das suas funções.

REAÇÃO

Procurados ontem para negociar, os índios exigiram a presença da imprensa no local. Representantes da Prefeitura de Alto Alegre chegaram a conversar com o grupo, mas eles insistiam em retomar as conversas só após a chegada dos jornalistas.

Representantes da Vale estiveram no município tentando encontrar uma solução rápida para restabelecer o tráfego na ferrovia, mas os líderes do protesto evitavam negociar a portas fechadas com os funcionários da mineradora.

Por meio de nota, a Vale informou que lamenta o ocorrido e "continua cumprindo rigorosamente o acordo de cooperação - termo em vigência 2007-2016 - com a Fundação Nacional do Índio (Funai)".

A empresa também informou, no texto, que tomaria "todas as medidas necessárias" para que as operações pudessem ser retomadas o mais rápido possível.

Para reverter os dois primeiros bloqueios promovidos pelos guajajaras na estrada de ferro, há quatro anos, a empresa teve de impetrar uma ação de reintegração de posse na 6ª Vara Federal.