terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O bispo da Prelazia do Xingu e presidente nacional do Conselho Missionário

O bispo da Prelazia do Xingu e presidente nacional do Conselho Missionário Indigenista (CIMI), Dom Erwin Kraütler (foto), lidera a articulação de entidades e de grupos indígenas contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). É ele quem está à frente da ofensiva iniciada no início do mês, após a liberação pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) da Licença Prévia da usina.

Atualização Rosy Lee Brasil

Dom Erwin lidera pessoalmente as articulações e grupos indígenas em Altamira, está arregimentando os indígenas, insuflando as lideranças e passou a defender mais abertamente o uso da violência como forma de protesto contra o projeto. Em entrevista ao jornal paraense Diário do Pará, Kraütler disse que o derramamento de sangue pode não ser a melhor saída, mas avalia que a ação indígena é justa. “Ao defender Volta Grande, os Kaiapós estão defendendo o próprio futuro, a própria terra. O Xingu todo será sacrificado”, disse o religioso.



Logo após a liberação da licença, Kraütler foi à Brasília e se reuniu com o presidente do Ibama, Roberto Messias, para alertá-lo que os indígenas poderiam usar a violência. De volta a Altamira, o bispo passou a arregimentar ele mesmo as lideranças indígenas. Os índios começaram a chegar a Altamira na semana passada, mas pensavam que participariam de um protesto contra a falta de atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai) na região e não de uma “guerra contra Belo Monte”.



As reuniões dos indígenas e entidades contrárias à Belo Monte geralmente são realizadas em uma chácara da Prelazia do Xingu fora da cidade, em um local conhecido como Betânia. Lá, segundo uma fonte que participou de uma das reuniões, os indígenas escutam de Dom Erwin e de outras lideranças que a terra deles será toda alagada, até os cemitérios irão sumir e que eles precisam lutar contra isso. Os índios são orientados a se manifestarem radicalmente contra Belo Monte e a ameaçarem usar a violência.



Fonte do site ligada a uma das entidades envolvidas na ação, mas contrário aos seus métodos, revela que o objetivo é criar um clima de conflito na região. “Acho que eles querem insuflar os índios e ao mesmo tempo deixar as pessoas revoltadas com os indígenas. Querem criar um clima de guerra, pois avaliam que se morrer alguém na região - de preferência um indígena - é bem possível que Belo Monte não saia do papel”, disse a fonte, que pediu para não ter a identidade revelada.



VIOLÊNCIA - A tática já vem sendo usada pelas entidades há mais de 30 anos. Primeiro, em 1989, um índio Kaiapó encostou um facão no rosto do então presidente da Eletronorte, Muniz Lopes. No ano passado, um grupo de índios armados com facões comprados pelo Cimi agrediu um engenheiro da Eletrobrás, desferindo um golpe de facão enquanto ele explicava o empreendimento. Agora, mais uma vez, Dom Erwin parece disposto a apostar que só a violência poderá barrar o projeto Belo Monte.



Por: Paulo Leandro /publicado por O Impacto/STM