sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Programa Aldeia Produtiva eleva autoestima dos índios

Programa Aldeia Produtiva eleva autoestima dos índios
Crédito: Rachid Waqued

O Programa Aldeia Produtiva tem fornecido insumos, sementes, ferramentas e óleo diesel a aldeias indígenas de Dois Irmãos do Buriti. Mais um passo foi dado hoje (13), com a entrega de seis patrulhas mecanizadas que beneficiarão diretamente seis aldeias.

As lideranças Terena testemunharam a entrega das chaves e a assinatura do Termo de Cessão de Uso entre o governador André Puccinelli e a Prefeitura, que se responsabiliza pela operação e manutenção dos equipamentos. A entrega dos conjuntos, que totalizam 18 máquinas, abriu o desfile comemorativo de 22 anos do município. Para os cinco caciques presentes à entrega, os equipamentos vão representar ganho de tempo e de esforço, e a oportunidade de mostrar toda a capacidade dos indígenas em cumprir a vocação de trabalhar a terra.

"Melhora toda a agricultura familiar, que é a base da nossa sobrevivência. E nós vamos procurar responder às expectativas, mostrar que o índio é capaz de produzir. O governador chegou para demonstrar interesse em resolver de vez a agricultura familiar dentro das Aldeias", diz o cacique da comunidade Água Azul, Ageu Reginaldo.

Na aldeia Buriti, a opinião do cacique Rodrigues Alcântara é de que a destinação de todos os componentes do Programa Aldeia Produtiva e a presença do próprio governador no encontro com eles para entregar as patrulhas, fortalece a perspectiva de desenvolvimento. "Temos certeza que melhora não só agora, mas a gente também sonha com o futuro".

Um dos mais jovens, o cacique da Aldeia Recanto, Edmar Silva Jorge, 23 anos, lembra que a comunidade sobrevive basicamente da lavoura e que está sempre esperando melhorias para aproveitar bem o cultivo. "A terra é boa, o que faltava pra nós era a contrapartida. Agora a gente tem a faca e o queijo na mão". A produção local, feita preferencialmente para garantir o sustento dos índios da aldeia, deixa alguma sobra para ser vendida fora, quando "às vezes a plantação dá 100%", relata o cacique. Ele espera que a boa produtividade seja rotina agora, com as máquinas ajudando no preparo da terra. "É só dar a contrapartida. O resto a gente faz".

"Vamos mostrar trabalho. Quem está ajudando o índio, vai ver com os próprios olhos o fruto disso". Quem garante é o cacique Laucídio Rodrigues, líder da Aldeia Barreirinho, assegurando que, com as condições oferecidas, os índios vão mostrar sua força e tirar o fruto da própria terra. "O governador André está vendo a grande necessidade da nossa comunidade. É um sonho ter o pão de cada dia trabalhado por nós mesmos".

A expectativa é grande também na Aldeia Olho D'Água, onde os planos são de incrementar a produção. "A comunidade já ta sabendo das patrulhas, 'ta' todo mundo esperando para começar a trabalhar", conta o cacique, Valdeci Silva Reginaldo. A sexta aldeia atendida com esse lote de maquinário é a Aldeia Oliveira.

Moradia

Na Aldeia Buriti, 30 famílias indígenas comemoram, além das máquinas, as novas casas, construídas em parceria entre o governo do Estado e o governo federal, através do programa MS Cidadão "Casa da Gente, com recursos de R$ 469,8 mil do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social - FNHIS/Casa Indígena.

Aos 80 anos, o terena Feliciano Delfino é um dos contemplados com a moradia de alvenaria. Ele conta que se inscreveu no programa "só pra participar", sem muita esperança. Há pouco tempo, o octogenário terena mandou construir uma casinha de tijolo e cobertura de sapé, um pouco melhor do que a mais antiga moradia que tinha, toda de palha e sem qualquer segurança. "Por sorte saiu pra mim", ele diz, comemorando, com as chaves nas mãos, ao lado do filho, Wilson Gabriel.

Para Wilson, a felicidade do pai, somada às maquinas do programa Aldeia Produtiva, são um bem para toda a família. Trabalhador da terra, ele conta que, sem maquinário, as dificuldades são grandes desde o preparo do solo. No próprio trabalho, Wilson utiliza pequenas máquinas de tração animal. "Tem uns [moradores da aldeia] que têm trator, mas são pequenos, não como esses" ele conta, apontado o veículo que, junto com uma grade aradora intermediária e uma carreta agrícola semigraneleira, forma a patrulha do programa Aldeia Produtiva.

Fonte: Notícias MS

Marginalização de indíos e negros prejudica progresso do Brasil, diz ONU

Marginalização de indíos e negros prejudica progresso do Brasil, diz ONU
Alta Comissária critica violência policial e elogia transparência do governo federal.

Da BBC Atualização ROSY Lee BRASIL

A marginalização das populações indígenas e afro-brasileiras prejudica o progresso do Brasil, disse nesta sexta-feira a alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Navi Pillay.



"Milhões de afro-brasileiros e indígenas estão atolados na pobreza e não têm acesso a serviços básicos e a oportunidades de emprego. Até que isto mude, esta situação vai prejudicar o progresso do Brasil em muitas outras frentes", disse ela, que visitou os Estados da Bahia e do Rio de Janeiro entre 7 e 13 de novembro.



"Pedi a funcionários em todos os níveis de Governo que se concentrassem na plena aplicação das leis, em planos e políticas para combater a discriminação, inclusive por meio da realização de pesquisas e avaliações."



"Mais uma vez, as medidas fundamentais existem, mas elas não estão sendo adequadamente aplicadas", disse ela.



Problemas



Para a alta comissária, a marginalização fica clara pela pequena quantidade de representantes negros e indígenas no governo.



"A maior parte dos povos indígenas do Brasil não está se beneficiando do impressionante progresso econômico do país e está sendo retida na pobreza pela discriminação e indiferença, expulsa de suas terras pela armadilha do trabalho forçado", disse ela em Brasília.



"Mesmo a grande população afro-brasileira está enfrentando problemas semelhantes em termos de implementação de programas socioeconômicos e discriminação, que os impede de concorrer em igualdade de condições com outros brasileiros."



Outro problema apontado foi o do "uso excessivo de força policial", que teria como suas maiores vítimas os negros.



"Reconheço perfeitamente as dificuldades enfrentadas pela polícia quando ela tenta manter a lei e a ordem. Eles também têm sofrido baixas demais - incluindo os três policiais que morreram recentemente, quando seu helicóptero foi abatido. Eles também estão deixando viúvas e órfãos, e estão sendo privados de seu direito humano mais fundamental, o direito à vida."



"Mas a maneira de parar com a violência não é recorrendo à violência. Em vez disso, é necessário ganhar a confiança das comunidades onde a violência está acontecendo. Um elemento-chave para ganhar a confiança é aplicar a justiça de forma justa", afirmou.



Elogios e sugestões



Pillay elogiou as "francas e abertas discussões com o Presidente, os ministros, membros do judiciário e muitos outros funcionários tanto em nível federal como estadual".



"Ao contrário dos funcionários em muitos outros países, os brasileiros não ocultaram ou minimizaram os problemas da nação."



Ela elogiou ainda a solidez da democracia brasileira e "uma vasta lista de leis, programas e instituições - a começar pela própria Constituição - que formam uma impressionante fundação de proteção de direitos humanos que está alinhada com as obrigações internacionais do País".



Ela lembrou que o Brasil é "o único país da América do Sul que não tomou medidas para enfrentar os abusos cometidos durante o período do regime militar" e incentivou o debate sobre a tortura ocorrida na época como forma de diminuir a incidência atual da prática.



"O fato de que a tortura ocorrida no período militar ainda não foi discutida no Brasil significa que não há um incentivo para parar com a tortura que ocorre agora e que vai ocorrer no futuro."



Pillay afirmou ainda que a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada na próxima década pode ser "uma oportunidade para transformar um círculo vicioso num círculo virtuoso" no Brasil.



"Pode custar um pouco mais no início, mas no longo prazo esse investimento poderia pagar dividendos imensos para o país como um todo."