sábado, 2 de janeiro de 2010

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Alta tensão entre índios e fazendeiros

Retrospectiva: Alta tensão entre índios e fazendeiros
Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2009 16:18 atualizado Rosy lee Brasil
Edivaldo Bitencourt


Invasões de fazendas, bloqueios de rodovias, confrontos, feridos e mortes. Apesar do saldo, 2009 pode ser apenas o começo da “guerra” pela posse da terra entre índios e produtores rurais em Mato Grosso do Sul. O clima é de confronto em duas regiões importantes para a economia do Estado, a sul e sudoeste.

A situação termina de forma tão delicada, que o governador do Estado, André Puccinelli (PMDB), vem reiterando os alertas de que mais mortes poderão ocorrer em Mato Grosso do Sul. Em nota, a Igreja Católica, por meio dos bispos, emitiu nota, cobrou uma solução e acusou a “milícia do agronegócio” de promover a execução dos índios no Estado.

Mais atuante em defesa dos índios, o Cimi (Conselho Indiginista Missionário) classificou a situação de “guerra silenciosa” contra os índios. Organizações não-governamentais e movimentos sociais, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) também promoveram manifestações em defesa dos índios, que chegaram a ganhar a defesa do juiz federal Odilon de Oliveira.

Mas os produtores rurais não estão sozinhos na luta para não perder suas terras. Sindicatos rurais e a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) promoveram uma ofensiva judicial contra os trabalhos da Funai (Fundação Nacional do Índio). Na guerra, já conseguiram vitórias, como a suspensão da demarcação na região de Miranda, e da realização de estudos na área de Campo Grande, Jardim e outros municípios.

Confronto– No entanto, revoltados com a demorada das ações na Justiça Federal e com a falta de recursos do Governo federal, os índios decidiram partir para a ofensiva. Os terenas, que reivindicam a ampliação das reservas de 13,7 mil para 88 mil hectares, chegaram a bloquear as duas principais rodovias de acesso à Capital, a BR-262 e a BR-163 em outubro de 2009.



Após liberarem as rodovias, eles iniciaram uma onda de invasões em Miranda, Sidrolândia, Aquidauana e Dois Irmãos do Buriti. Ainda permanecem na fazenda Petrópolis, do ex-governador Pedro Pedrossian, que será expropriada para ser integrada à Aldeia Cachoeirinha. Já em Sidrolândia, a Justiça determinou a desocupação das áreas.

Mortes – Na região sul, os índios Guarani-Kaiowá decidiram tentar a força invadir as fazendas e foram recebidos a bala. Produtores rurais do Estado contrataram seguranças privados. Apesar da proteção da propriedade ser legal, em alguns casos, os vigilantes possuem ordens para atirar, apesar das entidades e dos fazendeiros negarem tal orientação.

A situação é de guerra armada. Em Paranhos, no final de outubro, índios entraram em confronto com homens armados na Fazenda São Luís. Dois professores, Genivaldo Vera e Rolindo Vera, desapareceram na noite do confronto. Somente o corpo de Genivaldo foi encontrado após a operação de buscas envolver a Polícia Federal, Corpo de Bombeiros e até militares do Exército. O outro professor continua desaparecido.



Os guaranis exigem a criação e ampliação de 39 novas áreas. A Funai chegou a constituir grupos de estudo, que após um ano, começaram a realizar os estudos em novembro deste ano na região de Dourados. Com a identificação das áreas, que poderão somar de 600 mil a 3 milhões de hectares em 26 municípios, o Governo federal poderá dar início às demarcações, acirrando ainda mais a já tumultuada relação entre produtores e índios.



Somente nos últimos três meses deste ano, índios ficaram feridos em confrontos ocorridos em Iguatemi, Paranhos, Dois Irmãos do Buriti e Coronel Sapucaia. Entre os índios, a determinação é morrer lutando pela terra. Entre os produtores, vale tudo para defender a propriedade. Líder dos ruralistas, o deputado Zé Teixeira (DEM) defende o agronegócio. “Quem não defende o que tem, não merece ter”, reafirmou o parlamentar em várias ocasiões de 2009.

A situação caminha para o confronto se não houve agilidade nas ações do Judiciário e empenho do Governo federal em mudar a lei, que só permite o pagamento das benfeitorias e não pela terra nua.
atualização Rosy Lee Brasil


População indígena brasileira pode chegar a 1 milhão em 2010, diz presidente da Funai

Pedro Ivo de Oliveira
Repórter da Agência Brasil







Brasília - Os índios querem ser reconhecidos pela sociedade como povos diferentes, mas que compõem a nação brasileira. Também querem que seus direitos, como o direito à terra e a uma educação e saúde diferenciadas, sejam respeitados. A avaliação é do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, que hoje (19), Dia do Índio, falou sobre a atual situação dos povos indígenas brasileiros, em entrevista à Rádio Nacional.

“Após uma colonização que durou muitos séculos, em um processo muito violento, os índios brasileiros conseguiram sobreviver fisicamente e culturalmente. Há mais de 100 anos, o Marechal Rondon iniciou seu trabalho em defesa dos povos indígenas do Brasil. Hoje, no ritmo em que estão indo, podem chegar a 1 milhão em 2010”, afirmou.

Segundo a Funai, a estimativa aproximada de habitantes indígenas nas terras brasileiras recém-descobertas era de 10 milhões de indivíduos.

Estudos validados pela fundação indicam que apenas na Bacia Amazônica existiam 5,6 milhões habitantes. Essas populações falavam, dentro do território brasileiro, cerca de 1,3 mil línguas diferentes. Atualmente, os indígenas mantêm vivos cerca de 180 dialetos.

De acordo com Meira, para que os índios tenham seus direitos respeitados, é preciso que o Congresso aprove o Estatuto dos Povos Indígenas.

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Agencia Brasil