terça-feira, 9 de junho de 2009

Minc defende veto a artigos da MP 458

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Minc defende veto a artigos da MP 458
09/06/2009
Fonte: O Globo, O País, p. 8



Minc defende veto a artigos da MP 458
'Lula não é a favor do grileiro; é a favor do posseiro', diz ministro, que no Rio fingiu quebrar uma machadinha

Ediane Merola e Catarina Alencastro

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse ontem que pedirá ao presidente Lula para vetar artigos da MP 458, que trata da regularização fundiária na Amazônia.

Segundo ele, a proposta do governo foi desfigurada em pontos importantes, ao ser aprovada na Câmara e no Senado. Minc deve se reunir esta semana com dez ministros que participaram da elaboração da medida e parlamentares que a negociaram no Congresso, antes de levar a sugestão ao presidente:
- Regularização fundiária é boa para o Brasil, mas alguns pontos desfiguraram a ideia original. Cabe a nós provar que alguns pontos contrariam o que foi conversado com o presidente e os ministros.

Minc explicou o que pretende que seja vetado: - Não se trata de derrubar tudo, porque, no essencial, o projeto será benéfico para a Amazônia. Trata-se de tirar pontos que abrem uma brecha e, em vez de beneficiar os posseiros, acabam beneficiando os grileiros. O Lula não é a favor do grileiro; é a favor do posseiro.

Minc disse que a ideia é manter o texto mais próximo do que foi enviado pelo governo ao Congresso. Sobre a briga com os ruralistas em torno do Código Florestal, Minc admitiu mais uma vez que a legislação pode ser simplificada. Disse que dará tratamento preferencial ao agricultor familiar, mas que tentará um acordo com os grandes.

No Rio, cerca de 300 pessoas participaram ontem de um ato em defesa da legislação, contra os ruralistas e em apoio a Minc, nas escadarias da Assembleia Legislativa. Minc atacou a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), relatora da MP 458, e anunciou que em 15 dias vai protocolar mais 70 ações criminais contra os maiores desmatadores da Amazônia. Segundo ele, hoje há cem processos na Justiça.

Os manifestantes levaram cartazes contra o desmatamento e machadinhas de plástico, numa referência à declaração de Minc de que ministros como Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), Reinhold Stephanes (Agricultura) e Alfredo Nascimento (Transportes) combinam um projeto e depois vão ao Congresso com uma machadinha desfigurar leis.

Num gesto simbólico, o ministro quebrou uma das machadinhas. Mas, quando os manifestantes cantaram paródias criticando Mangabeira, apenas sorriu sem graça, e disse que não poderia cantar junto. O ato foi promovido por movimentos como Rede de ONGs da Mata Atlântica, Instituto Terra, Viva Rio, Grupo Ação Ecológica, CUT, Contag e Sindicato dos Bancários.

Um grupo de teatro fez uma sátira sobre Kátia Abreu. Para Minc, ela também pode ser alvo de piadas, pois acha que pode dizer a Lula que ministros ele deve nomear ou demitir.

- Se o presidente não fosse o Lula, e sim a Kátia Abreu, não teríamos o Bolsa Família, mas o Bolsa Latifúndio - disse.

À tarde, porém, Minc disse que fará as pazes com Kátia: - Ora, se eu fiz as pazes com o governador (Blairo) Maggi, com a soja e com a cana, por que não posso fazer com a senadora Kátia Abreu, que é muito mais articulada e mais bonita?

O Globo, 09/06/2009, O País, p. 8

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