terça-feira, 11 de agosto de 2009

Na mitologia dos índios tukanos, que vivem no noroeste do Amazonas, um banquinho de madeira é considerado um objeto sagrado.

Na mitologia dos índios tukanos, que vivem no noroeste do Amazonas, um banquinho de madeira é considerado um objeto sagrado. Pela lenda desses indígenas, Deus estava sentado num banco quando resolveu criar o homem.

sem atualização por ROsy Lee Brasil

Só que o banco de “ãmakõ nhecã”, o avô do universo em tukano, era de quartzo e feito num piscar de olhos celestiais. Reproduzir um móvel desses, à imagem e semelhança do banco de Deus, dá muito trabalho, a começar pela procura da madeira, nem sempre disponível perto de casa.



“O banco, para nós, para ser o símbolo dos tukanos, ele dá o poder de autoridade, dá o poder de ser um grande pensador, e ter uma grande responsabilidade”, explica Maximiliano Menezes, diretor da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn).

Pelo Rio Tiquié, Celestino Resende, artesão tukano, procura uma parente da seringueira, a soveira, árvore de madeira macia. O manejo é rigoroso e tem autorização da Funai e do Ibama. Uma só árvore serve de matéria-prima para mais de vinte banquinhos.

O artesanato que faz dos tukanos os grandes mestres do entalhe do Alto Rio Negro é feito a machadadas. Os banquinhos são esculpidos nos blocos de madeira maciça. O mestre Celestino vai fazendo o pamarirrori, o delicado desenho que reproduz, no assento, a pelagem dos animais da floresta. Ele leva um dia inteiro para fazer um banco.



Sua família faz esses pequenos assentos há incontáveis gerações. “Desde aonde nasceu essa história do banco, veio passando até chegar aqui a nossa vez”, conta. O pai de Celestino, Aprígio, diz em tukano que o banco de Deus torna o homem sábio.

Com a produção desses banquinhos ainda não dá pra ganhar dinheiro, embora eles já tenham até sido vendidos em shoppings de decoração de São Paulo.

Mas os índios pensam em incrementar a produção. “Temos que buscar nossa autonomia, essa autonomia tem partir da gente. Nós mesmos é que temos que trabalhar, produzir, vender e ter nossas coisas”, comenta Menezes.

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