Almir Sater diz que a ‘terra é do índio’, mas Lula tem de indenizar
Celso Bejarano Jr. e Jacqueline Lopes
O músico e pecuarista Almir Sater, o mais novo filiado da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), disse nesta tarde no Parque Laucídio Coelho, em Campo Grande, que o governo de Lula devia pagar indenização pelas terras indígenas. A referência tem a ver com o estudo da Funai que quer saber se há fazendeiros vivendo em áreas dos índios.
A declaração de Sater parece com as já ditas pelos produtores tradicionais, mas o tom dado pelo mais famoso músico sul-mato-grossense difere da dos parceiros por uma razão. Ele admite que as terras hoje ocupadas por produtores rurais, eram dos índios.
“O Brasil inteiro era dos índios, assim como eles [os índios] não gostaram que suas terras fossem tomadas, os produtores rurais também não gostariam que isto acontecesse”, disse o músico durante o ato de filiação.
Almir Sater disse que é pequeno produtor e dono de áreas no Pantanal e ainda na região de Maracaju. Não revelou, contudo, quantos bois ele possui.
“Tenho respeito pelos nossos irmãos [índios]. Tivemos sorte em comprar ou herdar nossas terras, mas sei que tem trabalhador sem terra melhor do que nós. Respeito a todos eles”.
“Agora, o Lula vive dizendo que tem dinheiro em caixa, uns R$ 200 bilhões, então que ele que pegue uma cifra dessas e compre as terras e devolvam aos índios”, disse Sater.
A defesa do músico, também ator, é corrente entre os produtores rurais do Estado. Ocorre que isto só seria possível se a Constituição fosse modificada.
E a bancada ruralista já se manifestou quanto às mudanças. Sem a alteração, a União não poderia comprar a área porque a terra indígena pertence a ela, isto é, estaria pagando por uma terra que já é sua. Alessandra Carvalho

A Funai e os índios vivem uma queda-de-braço desde o ano passado, quando o órgão anunciou a pesquisa antropológica. Os produtores, por meio de suas entidades, resistem a ideia do levantamento.
Tanto que moveu ação judicial contra a demarcação. Inicialmente o recurso fora aceitado, mas caiu nesta semana. Os fazendeiros acham que o estudo da Funai pode mexer no território de 26 dos 78 municípios e isto prejudicaria a economia estadual na faixa de fronteira onde se concentra o menor IDH (Indíce de Desenvolvimento Humano) de Mato Grosso do Sul. (Saiba mais sobre o assunto em notícias relacionadas
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