Terra preta de índio é altamente fértil
Presente em várias regiões da Amazônia, uma rede de pesquisadores estuda o processo usado pelos indígenas para deixá-la assim
24/05/2010 - 10:52
fonte: Inpa
atualizado Rosy Lee Brasil
A chamada terra preta de índio é altamente fértil e está no centro dos estudos feitos por profissionais do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e pesquisadores internacionais. Eles querem saber como essa terra foi obtida e de que maneira a técnica pode ser aplicada na agricultura regional, já que está presente em várias regiões da Amazônia.
Sabe-se, até aqui, que ela é fruto do processo de queima controlada feita por indígenas. Na maioria das vezes é possível encontrar nessa terra artefatos como vasos de cerâmica. São vestígios de povos que há milhares de anos desenvolveram uma técnica de trabalho com o solo e que, agora, os cientistas tentam desvendar. O projeto é multidisciplinar e reúne várias linhas de pesquisa em áreas como etnobotânica, antropologia e geologia, tendo como base a recuperação de áreas degradadas e o desenvolvimento de agricultura familiar com segurança alimentar.
Na semana passada um grupo de pesquisadores do Inpa/MCT e da Universidade de Michigan (EUA) fez uma visita a algumas áreas na comunidade da Costa do Laranjal, em Manacapuru, interior do Amazonas. A área é utilizada há mais de 150 anos por várias famílias para o cultivo de hortaliças e espécies frutíferas.
“Acreditamos que a chamada terra mulata, que é uma transição da terra preta de índio com o solo comum, é um fruto de um manejo que os índios faziam, inclusive, usando o fogo de maneira controlada e racional”, enfatizou o pesquisador da Coordenação de Ciências Agronômicas do Inpa, Newton Falcão. A ideia é fazer com que os estudos permitam atingir um manejo de resíduos orgânicos como folhas, ossos e restos de alimento, “e começar a construir a fertilidade do solo”.
Para a pesquisadora da Universidade de Michigan, Antoinette WinklerPrins, os estudos com terra preta de índio representam uma semente para o futuro em relação ao uso sustentável do solo. “Já há várias ideias que estão em prática e que já auxiliam os pequenos produtores da região. Esse projeto é uma semente para o futuro”, salientou.
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