terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Índios fecham sede da Funai durante protesto em Brasília




Índios fecham sede da Funai durante protesto em Brasília
Publicada em 12/01/2010 às 16h21m
Agência Brasil
Atualizado Rosy Lee Brasil
BRASÍLIA - Cerca de 500 índios fecharam nesta terça-feira a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, para protestar contra o decreto 7.056, editado em 28 de dezembro de 2009, que, segundo eles, extingue administrações e postos do órgão.



- Esse decreto, que havia sido anunciado como uma medida de reestruturação da Funai, nada mais significa do que a extinção de 24 das cerca de 50 administrações regionais (do órgão) e de todos os postos indígenas no país - afirmou o cacique-geral Caboquinho Potiguara, porta-voz das cerca de 20 etnias que participam do protesto.

O decreto está em vigor desde o dia 4 de janeiro e pode ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no próximo dia 21. De acordo com o cacique, a resolução prevê a criação de coordenações técnicas no lugar das administrações. Ainda segundo ele, dois ou três funcionários destas coordenações teriam de dar conta de toda a demanda que antes era administrada por dezenas de funcionários. O cacique informou que em Pernambuco, por exemplo, eram 160 servidores e, na da Paraíba, 40.

- Fomos surpreendidos pelo teor do decreto, que extingue inclusive administrações regionais tidas como de referência até mesmo pelo presidente da Funai (Márcio Meira) - disse o cacique.

Entre as administrações extintas, Potiguara destacou as da Paraíba e de Pernambuco:

"
Não sairemos daqui enquanto não falarmos com o presidente Lula ou com o ministro Tarso Genro
"
--------------------------------------------------------------------------------
- A pedido do Márcio Meira, feito durante as reuniões bimestrais do CNPI (Conselho Nacional de Política Indigenista), fizemos inclusive palestras para apresentar a experiência dessas administrações a outras unidades do país. Esse decreto representa uma traição dele contra os povos indígenas.

De acordo com o cacique, o presidente da Funai nunca falou sobre o decreto durante as reuniões do CNPI.

- Por isso, reivindicamos também a sua destituição do cargo. A coisa foi feita com má intenção e, para piorar, presidente e diretores (da Funai) pediram férias no dia seguinte à edição do decreto - declarou.

Ele informou que Paulo Maldo, um dos assessores da Presidência da República, prometeu marcar um encontro dos índios com o presidente Lula, já que o ministro da Justiça, Tarso Genro, está de férias fora de Brasília. Segundo o indígena, o assessor afirmou que não estava a par do teor do decreto:



- Por causa dessa resolução, todos os projetos que vinham sendo tocados pelas 24 administrações regionais extintas foram paralisados, entre eles, os produtivos, os fundiários, e os desenvolvidos pelos grupos de trabalho que fazem levantamentos técnicos e antropológicos.

Pelos cálculos do cacique, mil índios estavam a caminho do protesto, além dos 500 que já participavam da manifestação.

- Não sairemos daqui enquanto não falarmos com o presidente Lula ou com o ministro Tarso Genro - declarou Potiguara, que se recusa a negociar com qualquer outro representante do governo.

A manifestação reúne cerca de 20 etnias. Além dos Potiguara, que levaram 180 índios, há também representantes das etnias Tabajara, Xucurú, Fulni-ô, Atikum, Carajás, Xavantes, Kaiapó, Cambiwá e Terena, entre outras.

Nenhum comentário: